No Alto Sertão, ninguém fala de campanha para o governo e pré-candidatos são tratados com indiferença

Com cinco pré-candidatos já com a campanha nas ruas, as eleições para o governo da Paraíba não vêm empolgando o eleitorado, principalmente na região do Alto Sertão. A preço de hoje, são pré-candidatos José Maranhão (MDB), Lucélio Cartaxo (PV), João Azevedo (PSB), Lígia Feliciano (PDT) e Tárcio Texeira (Psol). À exceção de Maranhão, todos os demais são desconhecidos do grande eleitorado e mostram dificuldades para conseguir chegar ao eleitor, que se mantém apático em relação ao que eles fazem ou deixam de fazer.

Não se vê ou se ouve um comentário sequer sobre as eleições deste ano nos eventos, encontros de amigos e familiares ou até mesmo nos bares. Quando alguém menciona o nome de um dos pré-candidatos, vêm logo as perguntas: “Ele é candidato a que?”, “Qual partido?”… Quadro bem diferente do que os assessores e marqueteiros das pré-campanhas tentam passar para a opinião pública, com releases mostrando as atividades de assessorados neste período pré-eleitoral.

O problema talvez esteja justamente nisso: o excesso de maquiagem dos pré-candidatos que não está convencendo ou empolgando o eleitorado. Lucélio Cartaxo e João Azevedo não conseguem descolar suas imagens da imagem dos patrocinadores de suas campanhas, respectivamente Luciano Cartaxo e Ricardo Coutinho. Lucélio repete os mesmos gestos e postura do irmão, quando este foi candidato a prefeito. Mesma forma de falar, mesmos projetos. Tem insistido nos últimos dias em projeto para transformar a Granja Santana em um parque de lazer. Isso é o típico projeto que pode dar visibilidade, principalmente na imprensa que é contra o governador Ricardo Coutinho, mas não dá voto algum. Ninguém no interior da Paraíba vai votar em alguém pelo que ele faça ou deixe de fazer em relação à Granja Santana. Mas pelo que ele faça ou deixe de fazer em relação à realidade da região sobre abastecimento d´água, saneamento básico, escolas, saúde e políticas públicas.

João Azevedo segue caminho parecido com o de Lucélio. Com a imagem colada no governador Ricardo Coutinho, seu marketing tenta passar a imagem de um técnico que sabe administrar com competência. O problema é vinculá-lo demais ao governador, sem identidade própria. Não se vê João Azevedo se pronunciar espontaneamente sobre qualquer tema e ele continua passando a imagem de que será manipulado pelo atual governador. Isso incomoda até quem vota nele e gosta do governador. Em tempos de afirmação de ideias, ninguém gosta de votar em alguém manipulado.

José Maranhão pode ser a surpresa da campanha. Sem ter nada a perder, trabalha mais nos bastidores, em busca de apoios, já que tem um nome bastante conhecido por ter sido três vezes governador. Deve conseguir o apoio do PP de Aguinaldo Ribeiro e de Manoel Júnior e se os nomes de João Azevedo e Lucélio Cartaxo continuarem nesse marasmo, pode surpreender e ir para o segundo turno.

Lígia Feliciano é uma incógnita. Ninguém sabe realmente se ela será candidata ou se está apenas blefando. Dificilmente irá até o fim, por absoluta falta de apoios. Já Tárcio Teixeira sofre os efeitos de pertencer a um partido pequeno num estado dominado pelas oligarquias. Mas vem tentando pautar sua pré-candidatura pelo apoio às reivindicações de diversas categorias de servidores, como a Associação dos Policiais Civis da Paraíba-ASPOL/PB, com quem se reuniu esta semana.

Não custa lembrar que vivemos num momento de ebulição no país, com greve de caminhoneiros, constantes aumentos de gasolina e um governo que bate todos os recordes de impopularidade no país. Para os pré-candidatos ao governo da Paraíba, no entanto, o país deve viver um mar de rosas. Não se vê ninguém se pronunciando sobre o quadro nacional. Talvez isso explique a indiferença do eleitorado.

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