Assembleia Legislativa aprova concessão da Medalha Epitácio Pessoa a Elizabeth Teixeira
A Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) aprovou, nesta terça-feira (11), projeto de Lei de autoria da deputada Cida Ramos, que concede a Medalha Epitácio Pessoa a Elizabeth Teixeira, ícone da luta pela reforma agrária no Brasil. A homenagem deverá ser entregue no evento em celebração ao centenário de Elizabeth Teixeira, no próximo sábado (15), em Sapé.
“Faço o convite a todos os deputados porque nós teremos a oportunidade de homenagear uma mulher que ainda está aqui. Uma mulher que eu considero uma heroína do povo brasileiro. Nossa querida Elizabeth Teixeira, que completa 100 anos de existência, 100 anos de vida dedicada à luta pela reforma agrária. Reforma agrária que no mundo inteiro não é bandeira revolucionária ou bandeira de luta que se tenha que ter tanto sangue, tantas mortes. No mundo inteiro, vou citar aqui, EUA, países da Europa, trataram dessa questão de outra forma. O Brasil insiste em querer tratar como caso de polícia”, disse a deputada Cida Ramos.
Conterrânea de Elizabeth, a parlamentar ressaltou que cresceu em Sapé ouvindo a história desses heróis da reforma agrária. “Reforma agrária que foi a pauta de João Pedro Teixeira, de Elizabeth Teixeira, de Nego Fuba. E nós estamos diante de um evento que estarei presente com a família, um ato em praça pública na minha cidade, na cidade de Sapé, porque cresci ouvindo a história desses heróis paraibanos e brasileiros”, afirmou.
Quem é Elizabeth Teixeira
Foi companheira de João Pedro Teixeira, com quem se casou à revelia de seu pai, fazendeiro e comerciante. Junto com o marido, atuou na luta pela terra no Estado, na Liga Camponesa da Paraíba. Presa várias vezes, perseguida pela ditadura e por jagunços, teve que ir para a clandestinidade após o assassinato do marido, João Pedro Teixeira, em 1962.
Após a morte de João Pedro, ela assumiu a presidência da Liga Camponesa de Sapé e depois a Liga no Estado. Elizabeth não se curvou às ameaças dos latifundiários e deu continuidade à luta por trabalho digno, reforma agrária e justiça no campo.
Fugindo da perseguição, Elizabeth e os 11 filhos não conseguiram seguir juntos para escapar da morte, indo cada um para um canto diferente do Brasil. Ela foi presa diversas vezes, perdeu dois filhos assassinados e uma filha cometeu suicídio. Na clandestinidade, adotou um nome falso e ficou escondida por 17 anos.
Em 1964 ela aceitou o convite do cineasta Eduardo Coutinho para participar do documentário “Cabra Marcado para Morrer”, onde interpretaria a si mesma no filme que conta a história das Ligas Camponesas e do assassinato de João Pedro.
Os anos que seguiram até os dias atuais foram marcados por uma batalha insistente de nunca se desvencilhar da luta rural. Num Brasil que viveu a redemocratização, Elizabeth seguiu reivindicando a importância da reforma agrária, participando de movimentos, eventos, articulações políticas.