74 mil crianças trabalham na Paraíba e maior parte é do sexo masculino
Aos seis anos, Carlos Veloso e o irmão mais velho, com 10 anos, tinham a responsabilidade de ajudar nas despesas da casa. Órfãos de pai, a pensão de um salário mínimo que a mãe deles recebia mal dava para comprar alimentos para a família e pagar o aluguel da casa onde moravam.
Carlos e o irmão foram vítimas de trabalho infantil na Paraíba em 2002, mas, essa ainda é a realidade de pelo menos 74 mil meninos e meninas no Estado. O dado é o mais recente e integra a Pesquisa Nacional Por Amostra Domiciliar (PNAD) 2015, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conforme o estudo, a maior parte das vítimas (64%) é do sexo masculino. “Eu trabalhava na feira do Grotão. Estudava pela manhã e trabalhava a tarde, no carrinho de mão levando compras das pessoas, olhando carros, embalando nos supermercados. Não era fácil, mas a necessidade falava mais alto”, lembrou Carlos, que hoje, aos 22 anos, trabalha com ações de combate ao trabalho infantil e é estudante universitário de Serviço Social.
Ele conta que a realidade dele poderia ter sido outra se não tivesse ingressado no antigo Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil (PETI). “As próprias crianças que estão sendo vítimas do trabalho infantil não têm consciência de que estão sendo prejudicadas e os pais, na maioria das vezes, não pensam nisso e acham normal a criança trabalhar”, comentou o jovem.
PB Agora