Estudo aponta queda na disseminação de notícias falsas no Facebook
Interações com perfis disseminadores de notícias falsas caíram no Facebook nos últimos dois anos, mas cresceram no Twitter, segundo um artigo publicado por pesquisadores em um estudo sobre desinformação da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
Os autores analisaram 570 sites dos Estados Unidos classificados por eles como produtores de conteúdo falso entre janeiro de 2015 e julho de 2018. As fontes de conteúdos falsos foram comparados com páginas e perfis de veículos tradicionais e pequenos de mídia bem como de cobertura segmentada em temas como negócios e cultura.
Segundo a análise, o engajamento (likes, compartilhamentos e comentários) com mensagens desses sites cresceu entre janeiro de 2015 e os meses finais de 2016, logo após as eleições presidenciais dos Estados Unidos. O grupo de sites estudado teve nível de engajamento semelhante às 38 principais páginas de mídia verificadas na pesquisa.
A partir de 2017, as interações caíram mais de 50% no Facebook. No fim de 2016, a plataforma chegou a ter picos de 200 milhões de interações por mês no conjunto dos sites analisados. A média caiu para 70 milhões de engajamentos por mês. “Embora as evidências sejam longe de definitivas, nós vemos como consistente a ideia de que a magnitude geral do problema da desinformação pode ter reduzido, pelo menos temporariamente, e que os esforços do Facebook após as eleições de 2016 para limitar a difusão de desinformação podem ter tido um impacto significativo”, dizem os autores no texto.
Desde dezembro de 2016, o Facebook anunciou um conjunto de medidas que teriam como objetivo barrar a difusão de desinformação dentro da plataforma. Foram celebrados acordos com agências de checagem, marcação de conteúdos como falsos, redução do alcance dessas mensagens e derrubada de contas falsas (veja mais no especial produzido pela Agência Brasil).
Apesar disso, os pesquisadores alertam que os níveis de engajamento com notícias falsas continuam altos e que o Facebook tem um papel importante nessa disseminação. O número de 70 milhões de interações por mês nesses sites de notícias falsas foi considerado pelos autores uma média considerável de reações, compartilhamentos e outras formas de circulação de conteúdos enganosos.
Já no Twitter, entre 2017 e 2018 os autores do estudo identificaram uma ampliação de reações, compartilhamentos e outras formas de interação com mensagens enganosas. Enquanto a média mensal de compartilhamentos estava em 2 milhões em janeiro de 2015, em julho de 2018 ela havia chegado a quase 6 milhões por mês.
Na comparação de interações entre Facebook e Twitter, a proporção teve uma queda considerável, saindo de 45:1 (45 engajamentos no Facebook para 1 compartilhamento no Twitter) em 2016 para 15:1 no meio de 2018.
No início do mês, o diretor executivo do Twitter, Jack Dorsey, depôs a um comitê do Senado dos Estados Unidos quando admitiu que a empresa não lidou adequadamente com o problema da desinformação e que não estava preparada para o fenômeno. A plataforma vem focando sua atuação na derrubada de contas falsas, não tendo adotado medidas como a identificação de conteúdos questionados por agências de checagem, como Facebook e Google.
Agência Brasil
(Imagem: Divulgação)