Brasileiros criam detector de fake news no WhatsApp e web
A contradição de um mundo cada vez mais conectado com pessoas cada vez mais sendo “informada” por uma enxurrada de notícias falsas fica constantemente mais evidente. E uma nova iniciativa desenvolvida por duas universidades públicas brasileiras tenta colaborar para segurar essa onda que prejudica quase todo mundo.
“A ideia é que a ferramenta seja um apoio para o usuário”, aponta o professor Thiago Pardo, do Instituto de Ciências Matemáticas e Computação (ICMC) da USP de São Carlos. “Ainda estamos no início desse projeto e, no estado atual, o sistema identifica, com 90% de precisão, notícias que são totalmente verdadeiras ou totalmente falsas.”
Inteligência artificial contra fake news
O software do detector de fake news usa aprendizagem de máquina e foi treinado com milhares de notícias falsas e verdadeiras. Com isso, a inteligência artificial do programa se tornou capaz de identificar estruturas que se repetem tanto em textos verdadeiros e em textos falsos para analisar se uma notícia é falsa ou não.
“A gente sabe que, quando uma pessoa está mentindo, inconscientemente, isso afeta a produção do texto. Mudam as palavras que ela usa e as estruturas do texto. Além disso, a pessoa costuma ser mais assertiva e emotiva. Então, uma das formas de detectar textos enganosos é medir essas características”, explica o professor.
Por exemplo, dos 3,6 mil das notícias falsas analisadas, 36% continham algum erro ortográfico — em notícias verídicas, esse índice cai para 3%. Diante desse cenário, erros de ortografia se tornaram um dos quesitos levados em conta pelo software na hora de identificar uma notícia falsa em potencial.
Em testes
Para testar o detector, basta acessar o site nilc-fakenews.herokuapp.com a partir do navegador ou ativar o bot do WhatsApp (este link funciona apenas quando usado pelo smartphone e com o WhatsApp instalado).
No mensageiro, digite a palavra fake para ativar o detector de mentiras e, então, basta colar o texto completo para verificar se ela é identificada como possivelmente falsa ou verdadeira pela inteligência artificial do NILC.
Os resultados com a ferrament costumam ser bem satisfatórios, que falha em alguns momentos (algo natural para algo em fase de testes), mas acerta na maioria deles. Além disso, a verificação deve ser aprimorada com o tempo e deixa no ar a possibilidade de que, num futuro próximo, teremos funções como esta rodando de forma nativa nos principais apps de mensagens e redes sociais.
TecMundo