Os Ciros da Paraíba – Por Linaldo Guedes
Em 2022, enquanto Lula e Bolsonaro disputavam o segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, numa campanha acirrada, Ciro Gomes se manteve ausente no segundo turno e evitou participar de atos ao lado do petista. No dia da eleição, apareceu e jurou de pé junto que seguiu a orientação do PDT de votar em Lula. Será? Em 2018, quando o segundo turno era entre Haddad e Bolsonaro, Ciro fez pior. Foi para Paris, se mantendo neutro enquanto passeava entre a Torre Eifel e o Museu do Louvre. Em ambas as eleições, Ciro disputou a presidência da República, ficando em quarto lugar em 2022 e em terceiro em 2018.
Por essas plagas, Ciro parece ter feito seguidores. Vejam os casos do ex-governador Ricardo Coutinho e do ex-prefeito Luciano Cartaxo. Ambos não lograram êxito na sucessão municipal em João Pessoa este ano e decidiram não seguir a orientação do PT de apoiar Cícero Lucena. Declararam neutralidade no segundo turno. Cartaxo, todos sabemos, foi candidato a prefeito pelo PT, ficando em quarto lugar, tendo como companheira de chapa Amanda, esposa de Ricardo.
Mas não é só a neutralidade que Cartaxo e Ricardo têm em comum com Ciro Gomes. Os três vêm diminuindo a cada eleição seus espólios eleitorais. Ciro ficou em quarto lugar na última eleição, atrás de Simone Tebet, e dificilmente será candidato novamente. Ricardo Coutinho, depois de dois mandatos de governador e dois de prefeito da capital, não conseguiu mais se eleger a nada. Em 2020, chegou a ficar em sexto lugar na disputa pela prefeitura de João Pessoa. Já Luciano Cartaxo, depois de dois mandatos de prefeito da capital, foi eleito deputado estadual com pouco mais de 20 mil votos. Sem nunca ter tido um perfil de esquerda de fato, tanto que deixou o partido logo depois de ser eleito prefeito, foi alçado candidato do PT para a disputa do pleito deste ano em João Pessoa, ficando em quarto lugar.
Votar nulo é um direito que cabe a qualquer cidadão brasileiro, mas os grandes políticos não devem pecar por omissão. Em João Pessoa, Cícero Lucena disputa com o médico Marcelo Queiroga o segundo turno. Queiroga é bolsonarista, tendo sido ministro do ex-presidente. Ficar neutro numa disputa como essa não é uma boa estratégia para quem ainda tem pretensões políticas. Ciro ficou neutro, mas pelo menos tinha Paris, como Rick dizia no final do clássico filme “Casablanca”. Ricardo e Luciano têm João Pessoa, cidades que eles administraram e que hoje os rejeitam. Talvez por isso o rancor, a neutralidade e a omissão em relação ao futuro de nossa capital.