Pax, Apollo XI e Éden: era uma vez uma cidade com três cinemas
Quem hoje tem 30 e poucos anos, talvez nem saiba que Cajazeiras já teve três salas de cinema, que disputavam a preferência dos que não tinham outro programa cultural, sobretudo nos fins de semana.
Os cines Pax e Apollo XI, da Diocese de Cajazeiras, e o Éden, privado, eram as atrações da cidade, trazendo para a terra do Padre Rolim, as “fitas” de Tarzan, o mais famoso da época, e de outros heróis menores, os faroestes de Django e companhia, os melodramas de “Marcelino Pão e Vinho”, “Christiane F., Drogada e Prostituída” e afins, as comédias de “Os Trapalhões”, sem esquecer as pornochanchadas nacionais e os filmes de sexo explícito de Cicciolina e outras beldades que enfeitavam os cartazes do Cine Éden na Praça João Pessoa. Mas o que mais tocava os cajazeirenses era “A Paixão de Cristo”, certeza de casas cheias na Semana Santa.
Tudo isso ficou apenas na memória dos que viveram esse tempo áureo da sétima arte na “terra da cultura”, já que os três cinemas sucumbiram ante a falta de sensibilidade de uma cidade que pouco se importa com perdas tão significativas para a arte, a cultura e o lazer de seu povo.
A história do cinema em Cajazeiras remonta, entretanto, há anos muito antes das suas três grandes salas, quando abnegados improvisavam pequenos projetores e atraiam a meninada.
O desaparecimento dos cinemas em Cajazeiras deixou um vazio que precisa ser preenchido, muito mais agora que a cidade está num crescente desenvolvimento em todos os aspectos. Se não nos mesmos lugares – já que somente o prédio do Cine Pax foi preservado -, em outros espaços.
O Cine-Teatro Apollo XI, imponente, teve sua estrutura comprometida desde o episódio da bomba, nos anos plenos da Ditadura Militar, terminando por ser desativado e reformado, ao passo que o Cine Éden, no então coração da cidade, a Praça João Pessoa, deixou de vender magia e ilusões para vender arroz e farinha.
Talvez, esta fosse a hora de se pensar no resgate de, pelo menos, uma sala de cinema para uma cidade que já tem inúmeros trabalhos registrados na sétima arte, seja com cajazeirenses no elenco, na direção ou na produção.
Sonhar é preciso.