PL supera PT em coligações de novos prefeitos e terá maior presença nas cidades; resultado pode influir nas eleições presidenciais
Os resultados da eleição municipal mostram que há uma nova leva de prefeitos ancorados em alianças com partidos de centro e que as chapas com o PL têm predomínio em relação àquelas que incluem o PT.
Levantamento da Folha de S. Paulo aponta que 2.896 dos novos prefeitos –pouco mais da metade do total– foram eleitos sem alianças formais com os dois partidos.
O PL elegeu 516 prefeitos e 513 vices e integrou 1.562 chapas vencedoras nas disputas municipais. Já o PT elegeu 252 prefeitos e 288 vices e fez parte de 1.113 coligações que se sagraram vencedoras nas urnas.
Entre as 103 cidades com mais de 200 mil eleitores, prioridades dos partidos, a prevalência do PL sobre o PT é ainda maior. Enquanto o partido de Bolsonaro fez parte de 40 chapas vencedoras, o PT estava na coligação de apenas 12 prefeitos que se sagraram vencedores.
A participação nas coligações municipais é particularmente relevante para PT e PL, que polarizaram as eleições presidenciais há dois anos e têm planos nacionais mais claros para o pleito de 2026.
Com prioridade no projeto nacional, o PT abriu mão candidaturas próprias em parte das grandes cidades para formar uma base de apoio para uma eventual candidatura à reeleição do presidente Lula.
É o caso, por exemplo, da aliança com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), abrindo mão da vice para uma chapa puro-sangue.
O partido lançou candidatos em 13 capitais, mas venceu apenas em Fortaleza. Não terá vices, mas, além do apoio a Paes, fez parte da coligação do prefeito reeleito João Campos (PSB), no Recife. No segundo turno, apoiou informalmente os eleitos em Belo Horizonte, Belém, João Pessoa e Palmas.
Conforme apontado pela reportagem, aliados de Lula e integrantes do governo federal apostam que a atual gestão deverá fazer um movimento em direção ao centro, seguindo o apelo de líderes que integram a base governista.
A leitura é que o pleito municipal deixou claro que o país buscou fugir da polarização entre direita e esquerda e acabou fortalecendo partidos como PSD, MDB e União Brasil.
O PL tinha como objetivo inicial obter 1.000 prefeituras em todo o país, mas conquistou pouco mais da metade.
Dentre as capitais, o PL venceu em Maceió, Cuiabá, Aracaju e Rio Branco, terá o vice em São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis e Porto Velho e fez parte da coligação em Salvador e Natal.
A legenda vive um cenário de duplo comando e de divergências entre o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, e o ex-presidente Jair Bolsonaro.
De um lado, o grupo ligado a Valdemar defende uma inflexão ao centro, como forma de buscar alianças para a disputa de 2026. Bolsonaro, por sua vez, tem se reafirmado candidato mesmo estando inelegível e entrou em conflito com potenciais aliados, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).
O partido fez um movimento para tentar ampliar o rol de aliados na próxima disputa presidencial, apoiando candidatos como Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo, Sebastião Melo (MDB), em Porto Alegre, e Eduardo Pimentel (PSD), em Curitiba.