Extremismo não – Por Alexandre Costa

O Brasil que emergiu das urnas das últimas eleições municipais mostrou claramente que a polarização ideológica começa a perder força, o avanço de uma direta fortalecida, embora dividida, e uma esquerda desidratada, apresentando seu pior desempenho eleitoral desde a redemocratização.

O índice de prefeitos reeleitos ultrapassou os 80%, o maior dos últimos 20 anos deixando uma lição que gestores com administrações bem avaliadas foram reeleitos logo no primeiro turno.

Esse benéfico e salutar arrefecimento da polarização ideológica neste pleito esgarçou o protagonismo das duas maiores lideranças politicas do país os tornando nos grandes derrotados desta eleição: o presidente Lula e o ex-presidente Bolsonaro.

Ficou o recado que o eleitor brasileiro cansou dos discursos extremistas de partidos políticos amorfos, passando a ser pragmático votando em gestores que entregam resultados para população, independente do seu espectro ideológico.

Embora tranquila, a eleição do domingo passado foi marcada pela força do centro politico, altíssima abstenção, o derramamento de emendas PIX, a farra dos fundos políticos, e a despudorada interferência do crime organizado, disfuncionalidades gritantes que corroem o nosso sistema eleitoral:

A consolidação da força dos partidos de Centro resulta da captura de parte do orçamento da União, transformado nas famosas emendas PIX [o maior descalabro da administração pública brasileira de todos os tempos] que catapultaram a eleição de 93,7% prefeitos nas 112 cidades que receberam este beneficio.

O alto índice de abstenção no pleito, que superou 30%, demonstra a indignação dos eleitores para a farra com o dinheiro público torrado sem dó nos fundos eleitorais e partidários para beneficiar a grande maioria dos políticos brasileiros que visam apenas se locupletarem e se perpetuarem no poder.

Escancarou-se de vez, algo extremamente preocupante, a interferência do crime organizado influenciando o processo eleitoral, ditando regras em suas áreas de comando, decretando toque de recolher, apontando qual o candidato pode entrar para pedir votos. Denúncias de ligações perigosas entre políticos e criminosos pipocaram por todo o país, merecendo registro o episódio da prisão da primeira-dama de João Pessoa e a denúncia do governador de São Paulo no dia da eleição, que apontava facções criminosas pedindo votos para o adversário do seu candidato.

Resta agora, depois do rescaldo das urnas, aos dois maiores líderes responsáveis e indutores da maior cizânia politica da história recente do país ensarilharem as armas e se curvarem de vez ao vaticínio das urnas: a sociedade brasileira não tolera mais o extremismo político.

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