O Brasil não é os Estados Unidos – Por Linaldo Guedes
Juro que vi, nas redes sociais, bolsonaristas comemorando com galhardia a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Por que tanta comemoração? Bem, tais extremistas bolsonaristas (perdoem a redundância) acreditam que a eleição de Trump é o primeiro passo para a volta de Jair Bolsonaro à presidência do Brasil. Há quem acredite em Papai Noel e em cegonha, mas em pleno século XXI não convém estimular tais crenças de negacionistas.
Esquecem tais bolsonaristas que o Brasil não é os Estados Unidos. Aqui temos leis e instituições firmes e seguras, que apesar da tentativa de golpe no infausto 8 de janeiro de 2023 funcionam em seu vigor pleno. Trump não foi reeleito ao fim do primeiro mandato, Bolsonaro também não. Trump é a extrema direita no poder, Bolsonaro também. As semelhanças param por ai. Trump é alvo de processo na Justiça, mas não foi impedido de ser candidato. Bolsonaro está inelegível.
Os Estados Unidos com Trump pode até retaliar o Brasil em comércio ou outras medidas administrativas, mas jamais vai interferir nas leis brasileiras a ponto de tornar Bolsonaro elegível. Até porque os próprios bolsonaristas não ajudam seu líder maior.
Parece com os torcedores do Atlético Mineiro que querem seu time campeão e provocam quebra-quebra no estádio, impedindo que o Galo volte a jogar em sua arena. Os bolsonaristas querem o falso mito de volta, mas não buscam fazer isso dentro da lei. Planejam matar Lula, Alkimim e Moraes, criam homem-bomba e tentam conseguir o poder à força. Não custa lembrar que Lula esteve preso e ninguém do PT tentou matar políticos adversários em protesto. São formas diferentes de agir. Enquanto o PT vai pelas vias democráticas, a extrema direita bolsonarista vai pela via da agressão e da imposição, com o sonho obsessivo da ditadura.
E depois, será que Trump vai ter coragem de retaliar comercialmente o Brasil? Os dois países têm parceria histórica. Veja o que diz o Departamento de Estado dos EUA em sua página na internet: “Como as maiores democracias do Hemisfério Ocidental, a parceria entre o Brasil e os EUA está enraizada em um compromisso compartilhado com o crescimento econômico e a prosperidade sustentáveis; promoção da paz internacional, segurança e respeito pelos direitos humanos; proteção do meio ambiente e biodiversidade; e cooperação em defesa, saúde e segurança”. Óbvio que Trump pode romper uma ou outra parceria, mas jamais vai deixar de respeitar esse histórico na relação entre os dois países e nem interferir na soberania do Brasi.
O resto é conversa para boi dormir. Ou para os fanáticos se autoexplodirem.