Feira da troca: patrimônio imaterial de Cajazeiras – Por Lenilson Oliveira
Que Cajazeiras tem muitas singularidades, disso ninguém tem dúvidas. Uma delas, que me chega à memória agora, é a famosa “feira da troca”, realizada todos os sábados nas imediações do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, no canteiro central da Rua Tiburtino Cartaxo, com direito a uma filial (ou matriz), em frente à Igreja São João Bosco, sempre às quartas-feiras.
Lembro dessa feira dos tempos de criança e adolescente. É uma das memórias afetivas mais gostosas que guardo, como as músicas (bregas) da Norte Publicidade Radiofônicas (NPR), de “seu” José Adegildes Bastos, anunciadas pela voz imponente de Neco da NPR, entrecortadas pelos recados lidos ao vivo por ele, tipo “da letra A para a letra J”.
Se Jorge Benjor deixou famosa a “Feira de Acari”, que tem de tudo e é “um sucesso”, a feira da troca de Cajazeiras também tem e sempre teve. De carro usado a agulha de limpar fogão, de fogão a peças de roupas usadas, de ferro de passar a aparelho “3 em 1”, de cordões de ouro, prata ou latão a relógios, de CDs e DVDs piratas a celulares “tijolão”, de motos a bicicletas, certamente o produto encontrado em maior abundância no local. Tudo ao gosto do freguês.
A feirinha é também lugar de boa conversa, de tomar um café ou um caldo nas banquinhas misturadas aos produtos de troca e venda.
Como exemplo de patrimônio cultural e imaterial da Paraíba, temos o pão de Saora, originário de Cajazeiras, após aprovação da Assembleia Legislativa da Lei apresentada pelo então deputado estadual Jeová Campos e sancionada pelo governador João Azevêdo no ano de 2021.
Falar da feira da troca remete também à tradicional feira livre de Cajazeiras, que antes ocupava as Rua Padre Rolim e Padre Manoel Mariano. Outra memória afetiva que mexe comigo, quando lembro daquele “mundo” de bancas coloridas, com peças de roupas de todos os tipos espalhadas ou penduradas em varais ou cabides. Hoje, se resume a poucos comerciantes que teimam em ocupar nem metade da Padre Manoel Mariano. Os grandes espaços entre uma banca e outra parecem pedaços arrancados da história.
A teimosia dos sábados pela manhã pode, igualmente, ser vista nas duas ou três louceiras que insistem em dar continuidade à tradição familiar e que, como o pão de Saora, também se constituem com patrimônio imaterial estadual, por força de Lei do deputado Júnior Araújo, no ano de 2023.
Para ficar só nestes exemplos, Cajazeiras é rica nos mais diversos ramos de atividades e tradições populares e é necessário que cuidemos – todos, povo e autoridades – de tudo, para que não caiam no esquecimento.
Vai um ventilador aí?