Os tucanos caíram do muro – Por Linaldo Guedes
Assim como as pessoas, os partidos, no Brasil, nascem, crescem, reproduzem e morrem. Ou agonizam, antes de morrer, o que é o caso do PSDB. O partido, que já ocupou a presidência da República por duas vezes com Fernando Henrique Cardoso, está em seus estertores e só não fechou definitivamente suas portas talvez em respeito ao legado de FHC. Na Paraíba, foi jogada, na semana passada, a última pá de cal na legenda, com a saída do grupo Cunha Lima para o PSD de Gilberto Kassab.
O PSDB foi fundado em 1988 e registrado definitivamente em 1989. Na criação, já gerou ambuiguidade, reforçada pelo símbolo da legenda – o tucano, animal que passa mais tempo na copa das árvores do que voando. Alguns associavam o partido ao centro-esquerda e outros ao centro-direita.
Depois, as ambiguidades continuaram. Deu apoio aos ex-presidentes Itamar Franco e Michel Temer e fez oposição aos ex-presidentes Fernando Collor, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. No início, o PSDB deu apoio e participou da base do governo de Jair Bolsonaro, porém entrou para a oposição em setembro de 2021.
O partido foi criado como resposta ao MDB, que na época procurava maximizar seu capital político após ampla vitória para os governos nas eleições de 1986. Elegeu Fernando Henrique Cardoso por duas vezes, no rastro do sucesso do Plano Real, e ficou nisso. Certo que com José Serra, mesmo perdendo para Lula no segundo turno em 2002, e Geraldo Alkimim perdendo em 2006, o partido se manteve na ribalta das eleições presidenciais, mas não passou disso.
A tendência agora é mesmo o partido se acabar. Para se ter uma ideia, em 2024, o partido não elegeu o (a) prefeito (a) de nenhuma capital brasileira, pela primeira vez desde 1988. Também não conseguiu eleger nenhum vereador da cidade de São Paulo, seu principal reduto eleitoral, pela primeira vez desde a primeira eleição que o partido participou.
Por conta disso, várias lideranças do partido começaram a defender uma fusão com outros partidos. Chegou a ser negociada a fusão com o PSD e com o MDB. Ambos os partidos se opuseram à ideia de fusão e propuseram a incorporação do PSDB a cada um deles. Em 21 de fevereiro de 2025, foi anunciado que o partido rejeitou a ideia de incorporação, mas estava em novas negociações com o Podemos e com o Solidariedade para uma possível fusão, o que deve acontecer mais dia, menos dia. A onda agora é o PSD, até o partido inchar também e lá na frente acabar.