PP e União Brasil: uma conta que não fecha, na Paraíba – Por Linaldo Guedes

A criação da Federação entre PP e União Brasil está fadada a gerar conflitos na base e na cúpula dos dois partidos. Ao contrário do que muita gente pensa, federação é diferente de fusão no âmbito do processo político brasileiro. Na fusão, dois ou mais partidos tornam um só, elaborando projetos comuns de estatuto e programa. Na federação, os partidos poderão se unir para apoiar qualquer cargo, desde que assim permaneçam durante todo o mandato a ser conquistado, mas possuem estatuto próprio.

            No caso do PP e União Brasil, a Federação vai guiar os passos dos partidos nas eleições do próximo ano em todo o Brasil, inclusive na Paraíba. Aí é que está o nó da questão. As principais lideranças dos dois partidos – Aguinaldo Ribeiro e Efraim Filho – têm objetivos claramente distintos no estado.

            O PP, por exemplo, está alinhado ao projeto do governador João Azevêdo, apoiando-o na possível candidatura ao Senado da República. Mais do que isso: o partido tem Lucas Ribeiro como vice-governador e provável candidato ao cargo máximo do Executivo paraibano em 2026. É uma candidatura natural, já que com João Azevêdo saindo para disputar o Senado, Lucas assume a cadeira de governador e vira potencial candidato ao governo do estado.

            Já o União Brasil, tem como sua principal referência política no estado o senador Efraim Filho. Ele é assumidamente de oposição ao governo do estado e surge como potencial candidato a governador no próximo ano. Possivelmente com apoio de outras lideranças oposicionistas, como Pedro Cunha Lima. Mesmo que não seja candidato, deve apoiar outra candidatura oposicionista.

            Impossível um consenso entre Efraim Filho e os Ribeiros visando as eleições do próximo ano? Bem, sabemos que em política nada é impossível. Mas para essa aliança se consolidar no estado, Efraim teria que passar a apoiar o governo João Azevêdo e sua possível candidatura ao Senado. Ou os Ribeiros virarem oposição ao atual gestor estadual. Por mais que a política seja dinâmica, acreditar nessas possibilidades é o mesmo que defender a existência concreta de Papai Noel.

            Talvez por saber dessa quase impossibilidade, é que as conversas de bastidores das principais lideranças políticas estejam cada dia mais intensas. Como a que aconteceu esta semana entre o governador João Azevêdo, o deputado Aguinaldo Ribeiro e o presidente da Câmara, Hugo Motta – este último do Republicanos, outro partido que busca espaço na chapa majoritária em 2026. O que vai acontecer, é imprevisível, mas não duvidem que os Ribeiros saiam do PP ou Efraim do União Brasil, a depender da decisão nacional da Federação que está sendo criada. A conferir!

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