Efeito Trump II – Por Alexandre Costa
Neste mesmo espaço, em fevereiro passado, escrevi um texto com um título homônimo onde buscava traçar um breve perfil do mandatário norte-americano mais poderoso e enigmático do planeta, analisando a sua forma disruptiva de governar e seus impactos na economia mundial. Agora, no seu segundo mandato na Casa Branca, o republicano Donald John Trump assustou o mundo nesta semana desencadeando uma blitzkrieg tarifária sem precedentes, aplicando contra a China uma insana tarifa retaliatória de 125%, derrubando as Bolsas globais, aumentando o temor de uma nova crise econômica internacional e arrastando os EUA para uma brutal recessão. O desmantelo das cadeias produtivas impactadas pela guerra tarifaria provocado por Trump levaram economistas do JPMorgan, um dos maiores bancos do mundo, a projetarem para este ano um risco de uma recessão global e nos EUA na ordem de 60%.
Acusado de desestabilizar a economia mundial, Trump se defende argumentando que está consertando o comércio global, pois, o sistema internacional é injusto, está apenas aplicando o critério legal da reciprocidade.
Afinal, onde Trump quer chegar? Eleito com o inabalável proposito de recuperar a indústria norte-americana e fazer a América grande novamente, analistas do indecifrável presidente levantam a suspeita que, por trás da guerra tarifaria mundial, não residem apenas aspectos econômicos e comerciais e o diabo loiro deseja mesmo arrotar poder para deixar o mundo aos seus pés.
Economistas de linha ortodoxa avaliam que Trump, com este temerário caos tarifário, pretende implantar uma nova ordem econômica mundial desencadeando um ariscado processo de desglobalização, partindo da prática de um nacionalismo exacerbado iniciar o processo de reindustrialização da nação americana. Na verdade, Trump atua na contramão da história, adotando a política do isolacionismo se fechando para o mundo declarando a volta do protecionismo econômico, quebrando as regras do sistema multilateral de comércio, chantageando a comunidade financeira e econômica internacional com uma das estratégias mais danosas no mundo dos negócios: a incerteza econômica.
Aqui no Brasil, embora ainda não sentirmos de imediato os efeitos desta pirueta econômica do Trump, que sobretaxou os produtos brasileiros em apenas 10%, já podemos vislumbrar cenários otimistas: O aumento da oferta global de bens provocada pelas altas tarifas dos EUA e o aumento da oferta de produtos no mercado interno, podem forçar uma queda da inflação brasileira; a consolidação do acordo de parceria entre o Mercosul e a União Europeia e a conquista de novos mercados, uma oportunidade única para alavancar o processo de modernização e reindustrialização brasileira. É o mundo sob o comando de um bravateiro que blefa como um jogador de poker para ajustar as peças do tabuleiro da geopolítica mundial usando o seu poderio para subjugar o mundo aos interesses econômicos do imperialismo norte-americano.