Analfabetos funcionais: uma tragédia brasileira – Por Alexandre Costa
Se por acaso você se deparar com uma pessoa e perceber claramente que ela não sabe ler ou escrever, ou sabe quase nada, a ponto de não compreender e interpretar uma simples frase, identificar preços e nem mesmo escrever um número de telefone e totalmente desprovida de qualquer habilidade digital, saiba que está diante um analfabeto funcional.
Esta é mais uma chaga da nossa claudicante educação, uma tragédia brasileira que atinge 60 milhões de brasileiros, 29% da nossa população com idade entre 15 e 64 anos, 27% da nossa força de trabalho, da qual somente 23% possuem habilidades digitais e, o mais grave, 1 em cada 10 brasileiros com ensino superior completo é um analfabeto funcional.
Eis uma preocupante radiografia da dura realidade da educação brasileira extraída da pesquisa do Indicador do Analfabetismo Funcional (Inaf) que expõe a crueldade de uma política educacional enviesada que tornou o Brasil numa imensa fábrica de analfabetos funcionais.
O Inaf, indicador produzido e divulgado pela ONG Ação Educativa, realizado no período de dezembro de 2024 a fevereiro de 2025, retrata estes frios e preocupantes números, frutos de uma decisão elitista tomada lá atrás, que priorizou a formação de doutores oriundos de ricaços e classe média-alta deixando em segundo plano a educação básica, um grande equivoco que deixou um terço da população economicamente ativa que não consegue fazer contas ou compreender o texto que lê. Comemorado festivamente pelo governo a quase universalização do ensino fundamental e a expansão dos níveis médio e superior a um patamar de avanço que não condiz com a realidade educacional brasileira.
Entrega-se quantidade, mas não se oferece qualidade. O produto de tudo isso são esses 60 milhões de brasileiros que não conseguem ler e compreender um simples contrato de aluguel ou mesmo entender a nota da conta de luz da sua casa. São estudantes que chegam às escolas, mas não aprendem.
Na verdade, não se trata unicamente da falência do ensino brasileiro e sim de um embuste educacional deliberado para manter uma legião de analfabetos reféns do Estado sem nenhuma capacidade de discernimento, presa fácil de políticos populistas inescrupulosos, para serem usados como massa de manobra e se perpetuarem no poder. O “sistema” não quer brasileiros com um bom nível de alfabetização, precisa sim de uma legião de pobres e miseráveis que seja eternamente dependente do Estado brasileiro. Isso sim, rende voto.