Léo Lins, Zambelli e o Brasil – Por Lenilson Oliveira

Os holofotes da primeira semana do festivo – pelo menos para nós, nordestinos – mês de junho foram virados praticamente apenas para duas controversas personalidades do nosso Brasil varonil: o humorista (?) Léo Lins e a deputada federal (ex-bolsonarista?) Carla Zambelli.

Cada um com e por seus motivos, os dois dominaram as coberturas da imprensa, dos canais de You Tube, das redes sociais, dos grupos de WhatsApp, etc.

O primeiro, condenado a mais de 8 anos de prisão e multa de quase 2 milhões de reais por piadas ofendendo pessoas gordas, idosas e negras, além de já ter abordado temas como pedofilia e o Holocausto em seus stand-ups, tem recebido solidariedade de um ou outro artista nacional, sobretudo da área da comédia, defendendo que o que ele faz é, a grosso modo, apenas “piada”.

Sim, pode até ser somente piada, faltando acrescentar serem de extremo mau gosto. Que o digam as minorias que se sentem ofendidas, diminuídas, ultrajadas nas suas individualidades. O mais triste é ter a consciência que ele não está só nessa empreitada.

Há quem queira comparar as suas piadas (e de outros) ao humor que era feito pelos grupos Os Trapalhões e Casseta & Planeta, sem lembrar que os tempos são outros, os valores são outros, a nossa sociedade é outra.

Felizmente, assim como tem quem o defenda, talvez por se igualar a ele, também tem os de bom senso que se colocam contra a sua “arte” baseada na ofensa a outrem.

Do outro lado, temos a deputada federal (fugitiva) Carla Zambelli que, condenada a 10 anos de prisão pela Primeira Turma do STF por invadir o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com o auxílio do hacker Walter Delgatti, optou por deixar o país e refugiar-se na Itália, após passar pela Argentina e Estados Unidos.

Agora, considerada fugitiva e na lista de procuradas pela Interpol, Zambelli parece desprezada pelas lideranças da extrema direita brasileira (leia-se, principalmente, Jair Bolsonaro) e acha-se sozinha na arapuca que ela armou para si mesma.

Da mesma forma do caso do humorista, há quem a critique por suas atitudes, zombe e torça pela sua prisão e extradição para o Brasil, há quem defenda Carla Zambelli e sua “luta”, que se revelou inglória, contra o que chamam de “ditadura do Judiciário” ou do “Xandão”.

Há quem diga que ela tenha se espelhado, em sua fuga, em Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado, que foi para os Estados Unidos tentar colocar o governo Donald Trump contra o Brasil e suas instituições, como o Poder Judiciário, com o intuito único de beneficiar o seu pai, ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ficamos nós, do lado de cá, acompanhando os noticiários e os debates e torcendo para que o nosso país não retroceda nas suas conquistas individuais e coletivas e que não botemos mais um pé no abismo, como aconteceu num tempo não tão distante e pelo qual pagamos um preço muito caro.

Há coisas que não podemos esquecer, para que não se repitam.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *