Sinuca de bico – Por Alexandre Costa

Os desdobramentos das ameaças de Donald Trump de um brutal tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para os EUA, colocaram o governo brasileiro numa tremenda sinuca de bico que ainda não conseguiu entender [ou faz que não entende] que a crise das tarifas não é apenas no âmbito comercial. A crise é político-diplomática e tem sérias implicações na geopolítica mundial.

Afinal, o que levou o raivoso Trump a mirar suas baterias contra o Brasil, desencadeando uma reviravolta no jogo político para a sucessão presidencial em 2026, gerando medo e incertezas aos exportadores brasileiros, motivado por estas famigeradas e extorsivas tarifas?

A resposta vem atrelada ao discurso contrário adotado pelo presidente Lula ao então candidato Trump, taxando-o de nazista, o que levou à quebra total de comunicação com a Casa Branca e o Departamento de Estado desde a eleição até hoje. Esta foi a primeira postura diplomática equivocada que jogou os dois países em posições antagônicas, com desdobramentos e consequências imprevisíveis.

É preciso compreender que o tarifaço do Trump não é uma simples ação. Trata-se sim de uma reação aos constantes ataques e posturas contrárias do presidente Lula a interesses dos EUA na geopolítica mundial: ameaça à hegemonia do dólar, chegando a propor em reunião do grupo de países do BRICS a criação de um novo padrão nas transações comerciais ao redor do mundo; manter estreitas relações com países de regimes totalitários como Irã, China, Rússia, Venezuela, Cuba, Nicarágua e até grupos terroristas internacionais como o Hamas; praticar, via STF, censura, suspensão e multas às big techs com base nos Estados Unidos e perseguição a adversários políticos brasileiros com cidadania norte-americana que residem em território norte-americano.

A relação azedou quando os EUA, tidos como arautos mundiais das liberdades sob o comando de Trump, se imiscuíram na política interna brasileira, batendo de frente com o Supremo Tribunal Federal (STF), acusando aquela Corte de perseguição política ao ex-presidente Jair Bolsonaro, condicionando a queda do tarifaço a uma possível anistia aos baderneiros do 8 de janeiro e a Bolsonaro. Um despropósito sem tamanho que fere a inegociável soberania brasileira.

O fato é que a falha diplomacia ideológica brasileira, adotada por Lula, com estes posicionamentos, expôs o nosso país a uma situação crítica por razão muito simples: o governo brasileiro, hoje, não tem simplesmente nenhum canal de comunicação para abrir as negociações com os EUA, tamanho é o distanciamento entre estas duas nações.  A ideia de reunir exportadores para buscar uma saída é louvável, embora contraproducente. Esta tarefa é competência exclusiva do governo brasileiro que, lá atrás, com sua nefasta diplomacia ideológica, deixou o Brasil numa sinuca de bico, fechando todas as portas para buscar a única saída para esta crise instalada: a negociação.

(Imagem ilustrativa: Internet)

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