Padre Rolim: benfeitor ou fundador de Cajazeiras? – Por Alexandre Costa

A história do nosso mais ilustre cajazeirense é marcada por algumas controvérsias que vão desde a não identificação do local exato onde se encontram seus restos mortais até a grande dúvida de como o denominar pela sua magnífica obra nos sertões do Nordeste: seria o Padre Rolim benfeitor ou fundador de Cajazeiras?

Entendo como fundamental e importante dirimirmos algumas dúvidas sobre fatos históricos da sua magnânima trajetória que, por pura e simples desinformação, alimentaram — e ainda alimentam — polêmicas estéreis instaladas na cidade.

Todos os anos, durante as comemorações do dia da cidade, em 22 de agosto, é “um Deus nos acuda”: a imprensa local brada esta data como sendo a da emancipação política do nosso município. Ledo engano! Um erro crasso cometido por repórteres e até por jornalistas conceituados, que precisa ser corrigido.

A verdadeira data da emancipação política do nosso município é 23 de novembro de 1863. O dia 22 de agosto de 1800 é, na verdade, a data de nascimento do Padre Rolim. Por força de uma lei municipal de 1948, de autoria do vereador Germiniano de Sousa, ficou estabelecido que, no dia 22 de agosto, se celebrariam conjuntamente o aniversário do nosso Padre Mestre e a emancipação política da cidade de Cajazeiras. Recentemente, membros da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (ACAL), em reunião com a prefeita Socorro Delfino, formalizaram pedido para resolver este imbróglio de uma vez por todas, estabelecendo as comemorações destes dois importantíssimos eventos em seus respectivos dias.

Outra polêmica envolvendo o nosso Padre Mestre surgiu da falta de localização exata dos seus restos mortais, tema abordado no filme O Sonho de Inacim, do cineasta cajazeirense Eliezer Rolim, fato que aguçou ainda mais esta discussão. Depoimento do Padre Raimundo Honório Rolim supõe que os restos mortais do Padre se encontrem sepultados ao lado do altar-mor da Igreja Matriz Nossa Senhora de Fátima. Uma indefinição inquietante que está prestes a ser resolvida com a divulgação do resultado final de um recente e avançado estudo de sondagem geofísica realizado no interior daquela igreja.

No rol destas polêmicas [Cajazeiras adora polêmicas], uma merece registro: afinal, Padre Rolim é o nosso benfeitor ou fundador? Quanta sandice! Pela própria acepção destas duas palavras, que estabelecem diferenças abissais, jamais Inácio de Sousa Rolim poderia ser considerado fundador de Cajazeiras, por uma simples questão temporal. Quando o Padre Rolim nasceu, seu pai, Vital de Sousa Rolim, já havia implantado toda a infraestrutura da fazenda, inclusive a casa da família em Cajazeiras, onde ele chegou com poucos meses de vida.

Alinho-me à linha de pensamento do cultuado escritor cajazeirense Francisco Sales Cartaxo Rolim, que ensina que o Padre Mestre, pelo seu magnânimo legado educacional e religioso, além de ser benfeitor, é também cofundador de Cajazeiras.

Neste 22 de agosto, data em que comemoramos os 225 anos de nascimento e os 200 anos da ordenação sacerdotal do Padre Inácio de Sousa Rolim, Cajazeiras estará diante de uma oportunidade única para nos redimirmos de omissões gravíssimas e cultuarmos a memória do nosso benfeitor. Refiro-me à Sessão Solene Especial que será realizada conjuntamente com a Câmara Federal, a Assembleia Legislativa da Paraíba e a Câmara Municipal de Cajazeiras, ocasião em que a Sociedade Civil Organizada cobrará da nossa representação política a criação e implantação do Memorial do Padre Rolim.

É o mínimo de gratidão, respeito e devoção para com um dos maiores educadores brasileiros do século XIX, o chamado Anchieta do Norte.

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