Sim, nós temos Cinema de novo! – Por Linaldo Guedes

Uma das melhores notícias da semana de aniversário de Cajazeiras foi a volta do Cinema à cidade. Agora num formato diferente, o cinema fica instalado dentro das dependências do Centro Cultural Zé do Norte e a sala de exibição leva o nome da atriz Marcélia Cartaxo, cajazeirense que brilhou esta semana no Festival de Gramado, sendo homenageada e colocando suas mãos na calçada da fama.

            Aliás, pegando Marcélia Cartaxo como exemplo, eu não conseguia entender como uma cidade que vem dando tantos talentos para o cinema e a televisão brasileira não ter uma sala de exibição para filmes. Cajazeiras que já teve várias salas de cinema, como Pax, Apolo, Éden e outros simplesmente relegou a sétima arte apenas aos canais de streaming. O argumento dos empresários era de que não havia demanda para tal empreendimento na cidade. O interessante é que saem daqui caravanas de jovens para assistir filmes em Juazeiro do Norte e outras cidades vizinhas. Como não tem demanda, então?

            Quando a iniciativa privada falha, cabe ao poder público reparar esse erro. E foi o que fez a prefeita Corrinha Delfino, ao assinar ordem de serviço para instalar o cinema no início de seu mandato e inaugurá-lo agora.

Uma inauguração que contou com a exibição do filme “Cajazeiras sitiada”, de Janduy Acendino. Nada mais justo, por ser um filme que evoca um momento importante da história de Cajazeiras: a invasão de cangaceiros liderada por Sabino Gomes, caba de Lampião. A invasão dos cangaceiros e a resistência dos moradores foi tema do romance “Carcará”, de Ivan Bichara – um livro que se tivesse sido escrito e publicado nos anos 1930 seria referência na literatura regional, como as obras de José Américo de Almeida, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, entre outros.

O filme é muito bem dirigido por Janduy Acendino, cineasta da nova geração, e conta com elenco da terrinha, com destaque para a atuação segura de Aguinaldo Cardoso como narrador da história. “Cajazeiras sitiada” é mais um dos filmes que estão sendo produzidos em Cajazeiras, graças a recursos de leis de incentivo – como Fuminc, Aldir Blanc e Paulo Gustavo. E também da realização de festivais de cinema na cidade, como o Cine Açude Grande, sob a organização de Thalyta Lima e Veruza Guedes. Aliás, soube que este ano algumas das mostras do festival serão realizadas no cinema recém-inaugurado.

Eduardo Jorge, secretário de Cultura, está empolgado com a inauguração. Nós, admiradores da sétima arte, também. E esperamos que a sala de cinema Marcélia Cartaxo funcione continuamente, com sessões regulares, principalmente com a exibição de filmes fora do circuito comercial. O importante é que para além da inauguração, o cinema exista de fato e possamos ter a opção de assistir pelo menos um filme por semana no Zé do Norte. Os cinéfilos agradecem!

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