Horizontes da Inovação no Sertão – Por Alexandre Costa
Alcunhada no passado como a “terra do já teve”, a Cajazeiras de hoje dá provas incontestes de que não mais aceita perder. Referência em todo estado pela luta aguerrida do seu povo em defesa de obras e benefícios estruturantes, fundamentais para seu desenvolvimento socioeconômico, a terra do Padre Rolim, por meio da sua Sociedade Civil Organizada, vem demonstrando isso ao longo deste primeiro quartel do século XXI com conquistas estratégicas que moldaram o seu crescimento, como o Curso de Medicina, Aeroporto Regional, Linhas Aéreas Regulares, Instituto de Medicina Legal e por aí vai.
Quem conhece a história desta árdua e longa jornada de conquistas, testemunhou as barreiras, resistências e indiferenças que suplantamos, mas em momento algum nos fez arrefecer da vontade de remover pedreiras que se apresentaram pelo caminho.
Um recente exemplo disso foi o grande banho de água fria que levamos ao sermos comunicados pelo atual reitor da Universidade Federal da Paraíba (UFCG) que a já criada, inclusive com o seu estatuto aprovado, a Fundação Parque Tecnológico Celso Furtado (FPTCF), com sede em Cajazeiras, que “por falhas no seu processo de criação não mais seria implantada”. Ou seja, a FPTCF sucumbiu sob o frágil argumento de ter ferido normas e parâmetros da UFCG durante o seu processo de criação, [algo que entendo que poderia ser perfeitamente sanável], ou talvez mesmo tenha sido uma consequência direta do resultado da feroz refrega durante a última eleição para reitor daquela instituição, onde o patrono da ideia perdeu a disputa e Cajazeiras perdeu seu Parque Tecnológico.
Uma decisão sumária, totalmente equivocada, que sequer nos deu espaço para envidarmos esforços para salvar uma instituição que nascia com um claro desafio de criar um grande polo de ensino tecnológico que iria atuar como indutor do desenvolvimento sistêmico sertanejo, sanando de vez um gravíssimo problema no ensino tecnológico no Sertão: a fuga de cérebros.
Mas afinal, o que é um Parque Tecnológico? Quais são os seus propósitos? Criados originalmente nos anos 1950 na Universidade de Stanford, Califórnia, durante a formação do Vale do Silício, os chamados Parques Tecnológicos são centros de inovação que consistem basicamente em reunir e desenvolver num espaço físico a interação intensiva entre a Universidade, Empresa e Governo com propósitos e objetivos claros de promover e difundir o desenvolvimento tecnológico e científico.
O baque causado pela natimorta FPTCF não nos arrefeceu. Acionamos nossas lideranças políticas, via deputado Chico Mendes e o vereador Alysson Voz e Violão, que promoveram no último mês de maio uma prestigiada audiência pública na Câmara Municipal, com a presença do Secretário de Estado Ciência e Tecnologia, Inovação e Ensino Superior, Claudio Furtado, que anunciou o compromisso de dotar Cajazeiras de uma unidade do Parque Tecnológico Horizontes da Inovação (PTHI), um ambicioso programa do Governo do Estado de apoio e incentivo à inovação, ciência e tecnologia.
Ressabiada com o engodo da FPTCF, a sociedade civil cajazeirense recebeu a informação do secretário Furtado com um misto de surpresa e desconfiança. Seria um conto da sereia ou mais uma firula de políticos? Desta vez, quero acreditar que não! Em entrevista na imprensa da capital ao jornalista Josival Pereira, o secretário Claudio Furtado não só confirmou a criação da unidade em Cajazeiras, mas também anunciou a instalação da unidade do Parque Tecnológico Horizontes da Inovação, com 30 startups para ainda este mês de setembro. Nos resta agora acompanhar a promessa que, caso seja concretizada, terá todo o nosso reconhecimento, apoio e aplauso.