Hora da pacificação – Por Alexandre Costa
Imagine um país onde o Congresso Nacional transformou-se numa enojada casta que não se respeita, um tribunal constitucional hipertrofiado e um executivo fraco, sem liderança e relapso com as contas públicas, tudo isso imerso num grande e efervescente caldeirão alimentado pelas chamas da cizânia política do seu povo. Este é o Brasil em que vivemos hoje, onde impera a degradação das relações institucionais entre estes três poderes, que desencadeou uma das maiores cismas da nossa sociedade, gerando uma virulenta polaridade ideológica sem precedentes e que dividiu o país.
As redes sociais potencializaram a ferrenha guerra ideológica fratricida que dilacerou relações de amizade e de convivência cordial no trabalho, até dentro da própria família, abalando a normalidade democrática que pode gerar o ovo da serpente do extremismo armado, uma séria ameaça ao tecido social brasileiro.
Para alcançar a paz social, o Brasil precisa se livrar de lideranças tóxicas que investem no divisionismo como forma direta para governar e contemplar apenas seu espectro ideológico. Bolsonaro e Lula foram os grandes arquitetos da confrontação ideológica instalada no país, que contribuiu para o esgarçamento das relações institucionais entre os poderes da República, que ameaçam a normalidade democrática.
Transformaram a nossa Suprema Corte numa instância política, onde seus ministros buscam holofotes da mídia para anteciparem posicionamentos sobre processos que nem ainda estão sendo analisados. A pacificação do país passa necessariamente pela despolitização da nossa Corte maior, que enveredou num terreno pantanoso sob o pretexto de “recivilizar” o país, ultrapassou limites constitucionais de suas competências, cometendo erros e abusos.
Mas como pacificar o Brasil com um Congresso que não se respeita, aprovando na calada da noite medidas de autoblindagem, acima das leis que demandam punições para práticas criminosas e normas de transparência e zelo no trato do dinheiro público? Na verdade, o que falta aos nossos parlamentares é decência, compromisso para defender os interesses da sociedade dentro de uma base sólida de confiança, onde prevaleça o diálogo na busca da conciliação nacional fundamentada em soluções consensuais.
Estamos no limite, não suportamos mais tamanha radicalização. Temos que entender que a democracia se fortalece no dissenso e não na eliminação do outro. É chegada a hora de ensarilhar as armas, extirparmos o radicalismo com diálogo, construindo pontes e principalmente eliminando a guerra do “nós contra eles” alimentada por políticos incendiários. É hora de pacificar o Brasil!