Lula diz que não quer um “amigo” para substituir Barroso no STF
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não irá nomear um “amigo” para a vaga deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF). Durante uma conversa com a imprensa em Roma, no contexto do Fórum Internacional da Alimentação, o chefe do Executivo declarou que a pessoa escolhida para o cargo será “gabaritada” e com o compromisso de cumprir a Constituição Brasileira. Segundo ele, a escolha será baseada na competência técnica, sem influências de relações pessoais ou qualquer outro critério fora da competência para a função.
“Quero uma pessoa, não sei se mulher ou homem, não sei se preto ou branco, quero uma pessoa gabaritada para ser ministro. Não quero um amigo, quero um ministro que terá como função específica cumprir a Constituição brasileira, essa é a qualidade que eu quero”, afirmou Lula. Ele ainda destacou que, ao retornar ao Brasil, irá dialogar com membros do governo e tomar uma decisão sobre o nome a ser indicado para o Senado, que deverá fazer a convocação oficial.
Lula também comentou sobre a aposentadoria antecipada de Barroso, que surpreendeu a muitos. O ministro havia indicado anteriormente a possibilidade de sua saída, mas sua decisão de se afastar de forma tão rápida pegou o governo de surpresa. “Acho que o Brasil tem uma coisa muito interessante. As pessoas acham que podem decidir pelo governo. Indicar ministro do STF é uma tarefa eminentemente do presidente da República. O que foi precipitado foi o ministro Barroso se afastar com tanta rapidez. Eu imaginava que ele fosse se afastar, mas imaginava que fosse demorar um pouco mais”, disse o presidente.
A aposentadoria de Barroso foi anunciada na última quinta-feira e abre caminho para especulações sobre quem será o novo integrante da mais alta Corte do país. Originalmente, sua saída estava prevista para 2033, quando completaria 75 anos. Com a decisão precoce, as articulações políticas sobre o sucessor começaram de imediato, especialmente dentro do Palácio do Planalto, que espera uma escolha rápida de Lula.
Entre os principais cotados para assumir a vaga estão o atual ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, que tem ganhado força devido à sua proximidade com o governo e ao apoio de ministros do Planalto. Messias, que já demonstrou seu potencial durante crises como a do INSS, tem um bom trânsito no Senado e no Supremo. No entanto, o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, é outro nome que surge como favorito, devido ao apoio de aliados e à boa relação com a cúpula do Senado, incluindo o presidente da Casa, Davi Alcolumbre.
Além de Messias e Pacheco, o nome de Bruno Dantas, atual ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), também está sendo cogitado. Ele tem o apoio de parte do MDB e se destacou por decisões consideradas importantes para o governo, como a que liberou recursos para o programa “Pé-de-meia”.
Apesar da pressão, interlocutores do Planalto reconhecem a necessidade de conversar com o Senado, que desempenha um papel crucial na escolha do novo ministro. Nesse contexto, há uma expectativa de que Lula tome uma decisão nos próximos dias, com o auxílio de sua equipe e após ouvir diversas figuras políticas importantes.
Brasil 247