Brasil grátis – Por Alexandre Costa
Garimpando números e estatísticas de indicadores econômicos na busca de uma melhor compreensão do pífio e sofrível desempenho da economia brasileira nas últimas décadas, deparei-me com indicadores alarmantes. Eles escancaram as causas e efeitos da manipulação de programas sociais assistencialistas de cunho populista utilizados por grupos políticos como forma de perpetuação no poder.
São 95 milhões de pessoas, quase a metade da população brasileira, que sobrevivem às custas de programas sociais, a um custo anual estimado em mais de R$ 400 bilhões, algo surreal, inexistente em nenhum dos 193 países do mundo.
Todas estas pessoas estão inscritas no CadÚnico, uma plataforma criada pelo Governo Federal, que controla e gerencia mais de 40 programas ou benefícios sociais que distribuem todo tipo de ajuda, que vão do Bolsa Família, Auxílio Gás, Tarifa Social de Energia Elétrica, Benefício de Prestação Continuada (BPC), Programa de Habitação Minha Casa Minha Vida, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Pé-de-Meia a Tarifa Social de Água e Esgoto e, nos próximos dias, quem sabe, antes das próximas eleições, transporte público subsidiado para todos. É o Brasil grátis.
O grande desafio é que todos estes programas e benefícios não conseguiram retirar estas pessoas da pobreza e nem as inserir no mercado de trabalho, fato que denota claramente que todos estes benefícios precisam urgentemente de reformulações e ajustes.
Além disso, o governo não consegue justificar nem explicar as incongruências, como o fato de os índices de desemprego estarem em níveis baixos, atualmente em 5,6%, sua menor taxa histórica, enquanto o número de pessoas no CadÚnico continua a aumentar, criando um misterioso paradoxo que levanta suspeitas de manipulação na apuração deste índice pelo IBGE. Talvez isto explique uma dúvida que especialistas em mercado de trabalho sempre levantaram: por que pessoas com plena capacidade de trabalho inseridas nestes programas não são contabilizadas como desempregadas?
O hipertrofiado programa de assistencialismo brasileiro é apenas um dos fatores que engrossam e agravam a Dívida Pública Federal (DPF) para quase R$ 8 trilhões, que corresponde a 77,6% do nosso Produto Interno Bruto (PIB).
Com a equivocada e insistente teimosia burra do governo de atingir o equilíbrio fiscal sem cortar gastos, focando apenas em aumento de impostos, chegando ao seu limite com a derrubada do IOF no Congresso, a preço de hoje, a meta fiscal de 2026 torna-se inatingível.
De fato, essa sofreguidão em gastar o que não se tem elevou a taxa de juros, penalizando diretamente a sociedade como um todo, que hoje enfrenta uma taxa de inadimplência de 70% entre as famílias e 33% entre as empresas brasileiras. Um sistema insustentável rumo à mesma bancarrota que arruinou a economia de países como a Argentina, Portugal e Grécia.
É o Brasil dançando à beira do abismo como um bailarino bêbado exibindo uma coreografia da ineficiência pública, uma alta performance de impostos escorchantes, tudo isso ao som de uma marcha fúnebre da corrupção.