Políticos proativos – Por Alexandre Costa
Com a recente decisão do ex-prefeito José Aldemir em não disputar uma vaga na Câmara Federal, Cajazeiras fechará a terceira década deste século mergulhada na orfandade política na Câmara Alta do País. Ela ficará mais uma vez na dependência de representantes “terceirizados” de outras cidades para representá-la. A situação é péssima, pois dificulta a busca por projetos e recursos necessários para implementar as obras estruturantes que são fundamentais para o desenvolvimento de Cajazeiras. Mais um baque para nossa cidade, que continuará se ressentindo fortemente de um genuíno representante em Brasília.
Afinal, a que se deve esta orfandade política? Esta história começa com a derrota do deputado Edme Tavares para o seu terceiro mandato, que sucumbiu em uma acirrada disputa contra Chico Rolim e o decisivo apoio de Epitácio Leite ao candidato Efraim Morais, oriundo do vale do Sabugi. Edme perdeu a eleição por 1984 votos. Chico obteve 6163 votos e Epitácio deu ao forasteiro Efraim mais de 2 mil votos. Estava encerrada a carreira de um dos políticos mais proativos da história política de Cajazeiras, a quem se deve a implantação da Escola Técnica, hoje o IFPB. Cajazeiras até hoje amarga esta orfandade política, fruto de brigas partidárias paroquiais, falta de convergência política aliada à total falta de comprometimento com o progresso da cidade. A fórmula perfeita do atraso.
Na esfera política estadual, nossos representantes na Casa Epitácio Pessoa são constantemente fustigados por ácidos comentários pelos usuários das redes sociais, ouvintes de programas de rádio e até mesmo em rodas de conversas, devido ao sofrível desempenho e baixas entregas das suas atuações parlamentares.
É preciso um engajamento das lideranças políticas de Cajazeiras com as organizações da sociedade civil da cidade, que necessita encontrar um rumo para incrementar seu desenvolvimento econômico-social.
O que acontece na realidade é que a maioria dos nossos políticos, ainda operando em modo analógico, não se antecipa às demandas da sociedade. Isso produz um vácuo que é preenchido pela Sociedade Civil Organizada, que apresenta propostas e cobra fortemente soluções para os grandes gargalos que travam o crescimento da cidade.
Se os políticos não resolvem, a sociedade organizada põe a mão na massa e resolve. Casos emblemáticos recentes foram as lutas para a conquista do Instituto Médico Legal (IML) e a construção do novo aeroporto com a implantação de linhas aéreas regulares.
Me surpreendeu o desempenho louvável dos nossos deputados na última sessão itinerante da Assembleia Legislativa Estadual, ocorrida na abertura da 2ª Expo Agro Cajazeiras, pela apresentação de importantes propostas para implantação de obras estruturantes do nosso município e para o Alto Sertão.
O presidente da Casa, Adriano Galdino, saiu na frente propondo a criação de uma Secretaria de Estado para cuidar especificamente do aproveitamento das águas do São Francisco, que hoje “apenas passa pela Paraíba”, não possuindo um regramento para sua utilização sustentável. Já o deputado Chico Mendes propôs a criação de um Centro Cultural em Cajazeiras, que abrigará o tão sonhado Memorial do Padre Rolim. Júnior Araújo defendeu a perenização do riacho do Patamuté por meio de um ramal derivado da Barragem Caiçara. E por fim, a deputada Paula propôs a revitalização da Estância Termal Brejo das Freiras na forma de uma Parceria Público-Privada, um equipamento turístico estratégico para inserir de vez o Alto Sertão no roteiro turístico do estado.
Será que estamos diante de uma safra de novos políticos digitais proativos que finalmente resolveram se conectar com as verdadeiras e prementes demandas da sociedade sertaneja ou de um temporário lampejo de lucidez motivado pelas próximas eleições? A história nos comprovará isto.
