Com mais de 60 livros publicados, escritor Affonso Romano de Sant’Anna morre aos 87 anos
Morreu nesta terça-feira, aos 87 anos, o escritor Affonso Romano de Sant’Anna. Segundo o colunista Ancelmo Gois, a morte aconteceu em casa, em Ipanema, no Rio de Janeiro. O mineiro de Belo Horizonte foi diagnosticado com Alzheimer em 2017. Sua mulher, a também escritora Marina Colasanti, com se casou em 1970, morreu no início deste ano, em 28 de janeiro.
Nascido em 27 de março de 1937, Affonso publicou mais de 60 livros, de gêneros como poesia e crônica. Em 1953, aos 16 anos de idade, ele publicou seus primeiros textos —críticas de cinema e teatro —, na imprensa de Juiz de Fora, cidade onde vivia. Adolescente, ele trabalhou como carregador de marmitas e de trouxas de roupas para lavadeiras, enquanto os pais, protestantes, o criavam para ser pastor,
Seu primeiro livro de ensaios, “O desemprego do poeta”, foi publicado em 1962 — o mesmo ano em que foi estudar Letras na UFMG. No ano seguinte, ao lado de Affonso Ávila, dos poetas concretos de São Paulo Haroldo e Augusto de Campos e Décio Pignatari, e de toda uma fornada de jovens escritores (entre os quais um curitibano de 18 anos, Paulo Leminski), ele participou, em Belo Horizonte, da histórica Semana Nacional de Poesia de Vanguarda.
Em 1971, Affonso Romano de Sant’Anna lançou seu primeiro de poesia, “Canto e palavra”. No ano seguinte, sua tese de dourado pela Universidade Federal de Minas Gerais, uma obra-referência sobre Carlos Drummond de Andrade (“Drummond, o Gauche no tempo”) saiu em livro.
Em seguida, ele ainda lançaria, entre muitos outros livros, “Que país é este?” (1980), “O canibalismo amoroso” (1984), “A mulher madura” (1986, primeiro livro de crônicas), “O imaginário a dois” (1987, em parceria com Marina Colasanti), “Mistérios gozosos” (1994) e “Sísifo desce a montanha” (2012). Em 2006, o mineiro ganhou o Prêmio Jabuti, promovido pela Câmara Brasileira do Livro, por “Vestígios”, na categoria Poesia.
Além de escritor, Affonso Romano de Sant’Anna foi professor de literatura no Brasil e no exterior, em países como França, Alemanha e Estados Unidos, sendo um dos idealizadores do curso de pós-graduação em literatura brasileira na PUC-Rio. Ele foi diretor do departamento de Letras e Artes da PUC-Rio, de 1973 a 1976, realizando então a “Expoesia”, série de encontros nacionais de literatura. Presidiu a Fundação Bilblioteca Nacional de 1990 a 1996 e colaborou com jornais como O GLOBO, Jornal do Brasil, Estado de Minas e Correio Braziliense.
Entusiasta da internet, em 2012, Affonso disse ao jornal “Tribuna de Minas”: “Aconteceu um fato muito curioso comigo no Facebook. Publiquei um poema pequeno, e os internautas começaram a ter várias reações positivas e bonitas sobre ele. Muitos dizendo que vão reproduzi-lo, e, de repente, é como se a moeda entrasse em circulação. As pessoas se apoderaram dele. Sou totalmente a favor da poesia na web, e, se Homero e Shakespeare fossem vivos, teriam a mesma opinião.”
Com informações de O Globo