Cícero e o conto do vigário de Israel – Por Linaldo Guedes
O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, enfim, desembarcou em solo paraibano. Para além das posições políticas ou ideológicas, desconheço alguém que tenha torcido para que ele se desse mal em Israel.
Claro, que a assessoria do prefeito “fatura” um pouco em torno do vitimismo da situação. Cícero é um político que tem uma trajetória interessante, como governador, senador, ministro e prefeito, mas que “atrai” algumas energias no mínimo estranhas em torno dele. Como o caso da prisão, no episódio conhecido como Confraria, ou a campanha eleitoral do ano passado, com acusação de envolvimento até do crime organizado em João Pessoa.
Agora, caiu no conto do vigário de ir parar em Israel. Ora, o país vive mergulhado em conflitos há muitos anos, com sua arrogância e prepotência apoiada pelos Estados Unidos. Neste momento, com a Palestina e com o Irã. Alertado ou não pelo governo brasileiro, é no mínimo uma imprudência viajar àquele país num momento como esse. Por mais tecnologias que Israel ofereça para o combate à violência ou a qualquer outro tema, por que arriscar sua vida num país em guerra eterna? Aliás, que lições de segurança um país que vive em guerra contínua pode oferecer a alguém? Até onde sei, João Pessoa não vive clima de guerra com nenhum munícipio ou estado, como Israel vive com a Palestina ou Irã.
Segundo as informações divulgadas na coletiva ontem em João Pessoa, a comitiva, que incluía Cícero, recebeu suporte do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), da Comissão de Relações Exteriores, e foi criado um grupo de apoio. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também participou das articulações e disponibilizou um conselheiro para auxiliar nas tratativas. Também políticos e empresários paraibanos se mobilizaram para o retorno de Cícero à tranquilidade de João Pessoa.
Que fiquem as lições e os cuidados em relação aonde ir, mesmo como prefeito e em viagem oficial. Contrariando o poeta, diria que nem tudo vale a pena. Até porque a alma sempre fica pequena em meio à uma guerra.