Tradição versus segurança no São João –  Por Lenilson Oliveira

Num tempo não muito distante, a tradição de acender fogueiras na frente de casa nas noites de São João e de São Pedro alegrava as festas juninas nas pequenas cidades do Nordeste, sobretudo.

Ao redor das fogueiras espalhadas pelas ruas, as famílias se reuniam, os amigos se juntavam para conversar, comer e beber. Era um acontecimento, sem dúvidas.

As crianças brincavam e corriam em volta do fogo. Soltavam bombinhas, giravam “chuvinhas”, atiravam traques de sala umas nas outras.

Quem aí ainda tem padrinho ou madrinha de fogueira? Os nossos filhos não têm mais. Pelo menos eu desconheço. Mais uma tradição que, certamente, hoje só se mantém nas comunidades rurais, onde as fogueiras podem ser acesas e dar o brilho das noites juninas.

A fumaça tomava conta das ruas, invadia as casas, ardia nos olhos. Mas as noites de São João e de São Pedro eram das mais esperadas do ano por todos.

Havia também uma disputa para saber quais as fogueiras mais bonitas, do fogo mais alto, de maior duração. Normalmente, as comissões julgadoras eram as crianças. Quando se acordava no dia seguinte, a primeira coisa a fazer era ver qual ainda resistia, mesmo que só a cinza fumegando.

… e o tempo foi passando e, com ele, a tradição. Muito mais por questão de segurança, com a proibição de acender fogueiras no perímetro urbano, elas foram desaparecendo, dando lugar a noites nostálgicas para os nordestinos, para quem os festejos juninos começavam já pela procura ou compra da lenha.

Dando um Google, encontramos essa definição: “A fogueira é um dos símbolos mais tradicionais das festas juninas, representando calor, união e alegria. Ela tem raízes históricas e religiosas, sendo associada tanto às celebrações pagãs da colheita quanto à tradição católica, onde remete ao nascimento de São João Batista. Além de seu significado cultural, a fogueira também cumpre uma função prática, aquecendo as noites frias de junho e criando um ambiente acolhedor para as festividades”.

Os tempos são outros, as medidas de segurança são necessárias, mas não podemos deixar de notar que muitas das nossas tradições estão desaparecendo. 

É a peleja entre a tradição e a segurança, se bem que se poderia achar um jeito das duas caminharem juntas. Acho.

“Pula a fogueira, iaiá
Pula a fogueira, ioiô
Cuidado para não se queimar…”

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