PT elege Edinho Silva como presidente até 2029, apoiado por Lula
O Partido dos Trabalhadores (PT) escolheu Edinho Silva como presidente da sigla, após votação interna realizada no domingo, 6. O ex-prefeito de Araraquara teve apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Edinho conseguiu a vitória no primeiro turno. Ele teve 239,1 mil votos, ou 73,48% dos 342,3 mil votos de petistas de todo o País. O partido ainda precisa terminar de coletar as cédulas de Pernambuco, Bahia, Pará, Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais, único Estado que não realizou a eleição interna. O PT espera uma votação total de mais de 400 mil eleitores.
Candidato da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no PT, e ex-ministro da Comunicação Social no governo Dilma Rousseff, o novo presidente defende um PT mais moderado e a ampliação das alianças políticas para o embate de 2026.
Edinho enfrentou concorrência de nomes mais à esquerda do PT, como o ex-presidente da sigla e deputado federal Rui Falcão (36,3 mil votos, ou 11,15% do total), o secretário de relações internacionais Romênio Pereira (36 mil votos, 11,06%), e Valter Pomar (14 mil votos, 4,3%), diretor na Fundação Perseu Abramo.
A contagem dos votos se deu manualmente, uma vez que a votação foi feita com cédulas de papel. O partido tinha pedido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o empréstimo de urnas eletrônicas, mas não conseguiu o número suficiente de máquinas.
Em seu pronunciamento após a divulgação do resultado, feita pelo senador e presidente interino, Humberto Costa (PE), Edinho fez um agradecimento público a Lula e afirmou que o desafio é reeleger o presidente em 2026, “para dar continuidade ao projeto de reconstrução do Brasil”.
“A reeleição do presidente Lula significa a gente construir um Brasil sem privilégios, de justiça social, e que a democracia vença o pensamento fascista”, declarou, acenando à nova campanha encampada pelo governo e pelo partido de combate a privilégios e taxação de setores mais ricos do País.
Edinho fez a defesa de políticas públicas como o passe livre e no transporte público e o orçamento participativo e foco na educação.
Os petistas foram às urnas em uma encruzilhada política. Uma ala do partido defende que Lula rompa com o Centrão e dê uma guinada à esquerda no governo. A outra, majoritária, tenta refazer as alianças com a centro-direita, sob o argumento de que esse acordo é fundamental para Lula conquistar novo mandato, em 2026.
O processo de eleição direta (PED) escolheu a nova cúpula do PT nos âmbitos nacional, estadual e municipal para o período de 2025 a 2029 — todos os 2,9 milhões de filiados estiveram aptos a votar. Mas um imbróglio no pleito em Minas Gerais ameaçou afetar o andamento do processo geral.
Isso porque a deputada federal Dandara Tonantzin conseguiu uma liminar na Justiça determinando a inclusão de seu nome na disputa pelo diretório mineiro, e o partido foi obrigado a suspender o pleito para ter tempo de se adequar.
Dandara era pré-candidata, mas teve o seu nome tirado da disputa em razão do pagamento fora do prazo de uma dívida partidária de cerca de R$ 130 mil. O regulamento da eleição exigia que pendências financeiras fossem quitadas até 29 de maio, o que a parlamentar não fez. Nesta segunda-feira, o PT nacional conseguiu derrubar a liminar na segunda instância, com uma decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.
Edinho teve dificuldade para conseguir o aval da CNB no início da campanha. Lula precisou intervir, e o acordo só foi possível após a promessa de que Gleide Andrade permaneceria à frente da tesouraria do partido.
A chave do cofre do PT – por onde passam aproximadamente R$ 800 milhões por ano, se somados os fundos eleitoral e partidário – é bastante cobiçada. Gleide é aliada de primeira hora da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. As duas integram as fileiras da CNB.
Com informações do Estadão