Cajazeiras estagnou economicamente? – Por Alexandre Costa

Ao visitar a última edição da Expo Sousa, fiquei estupefato pela grandeza e dimensões inimagináveis de um evento daquele porte para uma cidade do interior, encravada em pleno semiárido paraibano. Sucesso de público e em movimentação de negócios, o evento de cunho privado, a 3ª Expo Sousa, já na sua 3ª edição, reuniu num só espaço, Feira do Agronegócio, Exposições de Animais, Vaquejada e Shows Musicais com artistas de renome nacional. 

Confesso que senti uma ponta de ciúme pelo arrojo e determinação da iniciativa privada sousense em idealizar e realizar um evento de cunho privado de tamanha magnitude, reflexão esta, que de imediato que me fez conversar com os meus botões… Teria Cajazeiras perdido definitivamente a disputa pela hegemonia econômica no Alto Sertão da Paraíba?

Na verdade, Cajazeiras vive um danoso processo de acomodação cultuando a recentes conquistas do passado recente como a instalação do curso de medicina, do NUMOL/IML, além da construção do novo aeroporto e implantação de linhas aéreas regulares.

Isto é passado, precisamos acordar. Temos ainda novos e vários desafios pela frente que precisam serem vencidos, principalmente na aérea da educação, o principal motor do desenvolvimento econômico cajazeirense, que já começa a apresentar sinais de arrefecimento.

 A Faculdade de Filosofia de Cajazeiras (FAFIC), nossa primeira instituição de ensino superior, criada em 1970 por Dom Zacarias Rolim de Moura e, logo depois, incorporada pela Universidade Federal da Paraíba (1979), lançaram as bases que hoje, no primeiro quartel do século XXI, tornaram Cajazeiras uma cidade universitária que desencadeou um boom na construção civil. Hoje são cinco universidades com mais de oito mil alunos, além de dois mil cursando pós-graduação e especialização.

Quando cito o danoso processo de acomodação que cidade vive, me refiro a projetos que simplesmente não acontecem, não saem do papel, ficam apenas no mundo dos sonhos como, por exemplo, a criação da Universidade Federal do Sertão, do Instituto Federal do Sertão e do Parque Tecnológico Celso Furtado (PTCF).

Destes três projetos, apenas o PTCF avançou, tendo sua criação anunciada formalmente pelo então reitor da UFCG, Antônio Fernandes, em 2022, no evento Pacto das Águas.  Chegou a ser criado o seu estatuto e regimento, mas, sucumbiu na nefasta refrega da política universitária que culminou com a eleição do novo reitor Camilo Farias. 

Foi um duro revés que jogou por terra a ideia de transformar a cidade do Padre Rolim num vigoroso polo de ensino tecnológico, a partir dos já existentes vários cursos de excelência na área de tecnologia no Instituto Federal de Educação, Campus de Cajazeiras.

 A natimorta FPTCF era instrumento para catapultar a educação de Cajazeiras para um novo patamar de ensino com apoio a produção cientifica a inovação e tecnologia, além de estancar a fuga de cérebros, onde muitos dos alunos são recrutados por grandes empresas em outros centros antes mesmo de concluírem a graduação.  

 Ao claudicarmos na educação, onde não conseguimos sequer reter a nossa massa cinzenta, fundamental para formação de um ecossistema de empresas que coexistam em torno de uma mão obra qualificada, não temos o que falar em hegemonia econômica no Alto Sertão.

Sob o imobilismo da nossa classe política, Sousa avança de braçadas quando o assunto é indústria e comércio, os números comprovam isso, que nos leva a uma triste constatação: Se nada for feito, Cajazeiras embarcará num tenebroso período de estagnação econômica.

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