Hora de cobrar – Por Alexandre Costa

O anúncio pelo governador João Azevedo, logo no início do ano, em uma pomposa solenidade, de um dos maiores projetos de investimentos, o programa Paraíba 2025-2026, trouxe alento e esperança aos paraibanos não somente pelo montante previsto para implantação do programa, mas pelo fato de que ele apenas se tornou exequível pela vigorosa saúde financeira e fiscal que o estado exibe no momento.

Orçado em R$ 11,5 bilhões, o Paraíba 2025-2026 trata-se de um ambicioso e impactante programa de maciços investimentos nas áreas de infraestrutura, segurança, saúde, educação, meio ambiente e inclusão social. Se implementado na sua plenitude, tem potencial para reverter os estágios de pobreza em algumas regiões do estado. Isso gera oportunidade de trabalho e renda, desembocando num virtuoso processo de transformação social.

O problema é estrutural. Ainda não chegamos ao patamar de um estado desenvolvido economicamente e nem socialmente justo, enquanto quase 70% do PIB do estado estiverem concentrados em apenas cinco municípios. A solução tem que vir de uma decisão política que inverta o eixo de investimentos do Litoral para o Sertão.

Chamou a atenção a boa intenção dos técnicos do governo em relação ao projeto, que busca contemplar todos os municípios de acordo com suas potencialidades e demandas, visando combater o nefasto desnível socioeconômico dentro do estado. Obviamente que este programa não vai extinguir esta hipertrofia econômica, mas já é um grande passo para mitigá-la.  

Os sertanejos simplesmente não conseguem entender porque as grandes obras estruturantes do estado sempre ficam concentradas entre a capital e Campina Grande. João Pessoa já levou o Polo Turístico do Cabo Branco, a Ponte do Futuro, que liga Cabedelo a Lucena, e o Arco Metropolitano. Campina tornou-se um HUB de linhas aéreas de porte nacional e já inaugurou o seu majestoso Centro de Convenções. Será que o Sertão terá que se contentar apenas com migalhas aplicadas em asfaltamento de travessias urbanas em pequenas cidades?

O problema se agravou este mês quando parlamentares federais excluíram o Alto Sertão, deixando-o de fora dos R$ 415,7 milhões das emendas de bancada para o orçamento de 2026. Esqueceram dotações para obras para aproveitamento das águas do São Francisco e nenhum centavo para duplicação da BR 230 no trecho Praça do Meio do Mundo-Cajazeiras. Decidiram por pulverizar estes recursos nos seus currais eleitorais, uma decisão mais do que sábia em pleno ano eleitoral.

E Cajazeiras, hein? Contemplada com três obras neste programa de investimento do governo do estado, assiste a um inquietante compasso de espera de obras estratégicas prometidas pelo governador João: esgotamento sanitário e urbanização do entorno do Açude Grande; criação do Centro Integrado de Comando e Controle e do Museu de Arqueologia.

Eis aqui um trabalho hercúleo de engenharia política que a professora Corrinha Delfino terá de executar para garantir estas importantes obras, pois terá que correr contra o tempo, quando o governador deixará o cargo no próximo mês de abril, e também na forma de cobrança, ao demonstrar que tem força política revertida em votos que possam definir os rumos da próxima eleição.

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