Brasil vence México e pega a Bélgica nas quartas da Copa do Mundo
SAMARA – Como Tite e sua comissão previram desde a preparação para o Mundial, Neymar só estaria no ápice de sua forma física e técnica na segunda fase da Copa do Mundo da Rússia. Nesta segunda-feira, o camisa 10 foi decisivo na vitória do Brasil por 2 a 0 sobre o México, em Samara, pelas oitavas de final, com um gol e uma assistência para Roberto Firmino. Mas Tite também foi protagonista ao vencer – de virada, podemos assim dizer – um duelo particular com Juan Carlos Osorio, o estrategista e controverso técnico do México. O Brasil pega agora a Bélgica, que venceu o Japão por 3 a 2.
Tite e Osorio já haviam se enfrentado uma vez, um empate em 1 a 1 entre Corinthians e São Paulo, em 2015, durante a curta passagem do treinador colombiano pela equipe tricolor. Na véspera do duelo desta segunda, Osorio prometeu pressionar o Brasil e manter sua filosofia ofensiva. E cumpriu o plano de forma perfeita no primeiro tempo. Empurrado pela torcida mexicana, que além de ser maioria nas arquibancadas da Samara Arena, era bem mais barulhenta – chegando ao ponto de gritar “olé” no toque de bola do time, com poucos minutos de jogo e placar inalterado –, o México marcou o Brasil desde a defesa e dificultou a vida do time de Tite.
A estratégia de Osorio ficou bem clara: deixar seu rápido e habilidoso trio de ataque, formado por Carlos Vela, Javier “Chicharito” (ervilinha, em espanhol) Hernández” e “Chucky”( em referência ao boneco assassino) Lozano, sempre no mano a mano com a defesa brasileira. Até mesmo nos escanteios, o México defende com a área mais vazia que o habitual, apenas um marcador para cada oponente, para levar perigo nos contra-ataques. O México teve maior controle e 51% de posse de bola, ainda que Alisson não tenha feito nenhuma defesa.
O Brasil se acalmou a partir da metade do primeiro tempo e levou perigo, especialmente em jogadas de Neymar. Em uma delas, o camisa 10 enfileirou os defensores e parou em Guillermo Ochoa, com quem já travara um duelo incrível na última Copa. Desta vez, a principal disputa de Neymar foi com Edson Alvarez, que o perseguiu por todas as partes. O lateral mexicano levou cartão amarelo após uma pancada no craque brasileiro.
Osorio, então, tentou uma de suas cartadas. O ex-treinador do São Paulo, famoso por testar seus atletas em várias opções, tirou o veteraníssimo Rafa Márquez (que se tornou o único jogador da história a usar a braçadeira de capitão em cinco Copas diferentes) e colocou Miguel Layun pela direita, invertendo o lado do amarelado Alvarez.
Coincidentemente ou não, foi justamente por este setor que o Brasil encontrou seu gol, com seus jogadores também invertendo posições. Neymar passou de calcanhar para Willian, que arrancou pela esquerda e chutou cruzado para o próprio Neymar completar para as redes. O melhor jogador do país comemorou com o gesto de “eu estou aqui” e mais uma vez demonstrou sua evolução na Copa. Willian, chamado por Tite de “foguetinho”, enfim, decolou na Rússia e foi outro destaque do time com belas arrancadas.
O duelo tático seguiu brilhante, mas o Brasil conseguiu controlar a partida, com mais uma atuação bastante convincente. Osorio mexeu novamente, colocando Raul Jimenez no ataque. Mas a defesa brasileira, impecável em toda a Copa, seguiu intransponível, com Thiago Silva e Miranda muito firmes, assim como os laterais Fagner e Filipe Luís, que começaram a Copa como reservas, mas mostraram valor.
Tite seguiu rebatendo as tentativas de Osorio. Nos escanteios, o Brasil passou a cobrar curto, para evitar o contra-ataque. Também inverteu Gabriel Jesus e Neymar, deixando o camisa 10, com menos vigor físico, de centroavante. No fim, colocou Roberto Firmino no lugar de Philippe Coutinho, desta vez apagado e foi justamente o atacante do Liverpool quem completou para o gol, após arrancada de Neymar pela esquerda. O astro do PSG foi eleito o melhor em campo e tem o corredor aberto para se consagrar na Rússia.
Dois a zero, vitória categórica do Brasil, que pinta cada vez mais forte como um dos favoritos, depois das eliminações de Alemanha e Espanha. A má notícia: Casemiro, jogador fundamental na marcação, recebeu seu segundo cartão amarelo no torneio e está fora das quartas de final, contra quem vencer entre Bélgica e Japão. Fernandinho, que entrou bem e participou do segundo gol, deverá ser seu substituto.
Revista Veja