Chió e a Operação Carro-Pipa – Por Linaldo Guedes
Confesso que fiquei surpreso quando li a notícia de que o governo federal tinha suspendido a distribuição de água no interior da Paraíba por meio de carro-pipa. Surpreso não pela medida em si, porque vez por outra os governos quando querem cortar gastos, atingem sempre quem mais necessita. Na verdade, eu não atinava que ainda existiam carros-pipas abastecendo a população de água aqui no estado.
É que a gente se acostumou a ver e ler matérias e mais matérias divulgadas por governos e gestores de que o sertão virou mar. São as águas da transposição do Rio São Francisco, são adutoras, são barragens, são açudes, são poços artesianos… Nas propagandas governamentais, a impressão que passa é que vivemos uma fartura de água, que finalmente aprendemos a conviver com a estiagem e que a população não sofre mais pela ausência do líquido precioso.
Neste sentido, não é absurdo concordar com o deputado Chió (Rede) quando disse que em pleno século 21, já beirando o ano de 2025, não é possível que ainda se esteja comemorando a operação carro-pipa na Paraíba: “No país tão rico como é o Brasil, a gente deveria estar comemorando era a água na torneira, não era em carro-pipa, não. Isso é retrocesso, atraso e envergonha o nosso estado”, disse.
Grande verdade! Quando saiu a notícia da suspensão, toda nossa classe política se mobilizou. Governador, deputados, senadores desabaram para Brasília pedindo a volta da Operação Carro-Pipa. Lembrou até a canção “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque, falando da cidade em romaria que foi beijar a sua mão, com o prefeito de joelhos e o bispo de olhos vermelhos. E talvez seja isso que o povo humilde nunca deixará de ser: uma Geni, que só é lembrada na hora do assistencialismo.