Sem rumo – Por Alexandre Costa

Caracterizado por empurrar de barriga os grandes e prementes problemas do país, como o ajuste das contas públicas, crise na segurança e na sua própria articulação com o Congresso, procrastinando o seu enfrentamento, o Lula 3 chega ao fim da sua primeira metade como um governo medíocre, articulação política sofrível, sob fogo amigo de históricos fiéis aliados, refém do Congresso Nacional e preso a armadilhas que ele mesmo criou, frutos de estratégias equivocadas.

Temeroso de perder popularidade e sofrer ameaças de retaliações dentro da sua própria base, adiou por meses o anúncio do pacote dos cortes de gastos [algo que teria de ser feito no primeiro ano do governo] e quando anunciou, causou mau humor ao mercado pela forma pífia de atacar o problema que soou como uma “meia-sola” fiscal que, de imediato, jogou para cima a cotação do dólar para mais de R$ 6,00.

A falta de compromisso com as contas públicas configurou-se logo antes da posse, quando anunciou os seus excessivos e desnecessários 39 ministérios, criados exclusivamente para acomodar a base política de apoio que o elegeu em 2022.

Encastelados em verdadeiros feudos, importantes ministros de áreas cruciais, como o Luiz Marinho, da pasta do Trabalho, e Carlos Lupi, da Previdência Social, ameaçaram romper em caso de cortes em suas pastas. E foram essas ameaças, entre várias, que ataram as mãos do Ministro da Fazenda Fernando Haddad que o levou a apresentar uma proposta de contenção de gastos totalmente desidratada, que irritou o mercado, forçando o Banco Central aumentar a taxa básica de juros, derrubando a Bolsa e turbinando a disparada do dólar.

Na outra ponta, tentando apagar o incêndio da crise na Segurança Pública instalada no País, que hoje desponta nas pesquisas como uma das maiores preocupações dos brasileiros, apresentou uma desastrada Proposta de Emenda Constitucional que colocou os governadores estaduais em pé de guerra, acusando o Planalto de invasão de competências e usurpação de poderes, que ferem de morte o pacto federativo brasileiro.

O nó górdio desta questão de segurança com os govenadores agravou-se na ultima terça-feira (24), quando o Ministério da Justiça e Segurança Pública publicou um decreto para regulamentar o uso da força policial que, na prática, restringe a atuação dos policiais vinculando o cumprimento deste decreto à liberação de verbas federais do fundo de segurança e penitenciário que banca a compra de armamentos, viaturas, capacitação e custeio das tropas. “Uma chantagem” esbravejou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União).

Sem estabilizar as contas públicas e nem entregar índices satisfatórios na área de segurança e fortalecer a sua base de apoio no Congresso, o Lula 3 entra na segunda metade do seu governo sem rumo, feito biruta de aeroporto, e isso não é nada bom para quem busca a reeleição.

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